Mulher da Amazonia

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013



A GEOGRAFIA E O COTIDIANO CONTEMPORÂNEO DO BAIRRO DA CIDADE VELHA: A MEMÓRIA E AS FALAS SOBRE O LUGAR




                  Maria de Jesus Benjamin da Silva.

                        Mário Benjamin Dias



Trabajo Nº: 5063 contrasenha 411j7



5-Dinámica urbana



Presentador: Mário Benjamin Dias

Primer Autor: Maria de Jesus Benjamin da Silva





Com o passar do tempo às cidades se transformam. A cada ciclo econômico, uma nova imagem e uma nova configuração urbana se formam. Um passeio pelo cotidiano da cidade de Belém mostra que a cidade hoje, é uma totalidade de territórios reservados ou codificados para um determinado uso, uma totalidade de aposentos, de fatos, de acontecimentos, de tradições, de histórias e de memórias que o esquecimento encobre na viagem.

Do bairro da Cidade Velha ao Shopping Castanheira, do antigo centro aos vários centros e subcentros descentralizados, do tacacá ao hambúrguer, dos conjuntos habitacionais onde uma força de trabalho disputa metros quadrados de espaço pouco habitável à monumentalidade de uma Estação das Docas, do Angar e do Mangal das Garças; "a cidade se espalha em milhares de olhos, em milhares de objetivas" (Benjamin), se fragmenta no trânsito, no comércio, na publicidade, na moda, no trabalho, na festa nas relações de vizinhança; se mostra com outras fisionomias, menos no carnaval, que é de todos, embora mais profissional na violência e na engenharia de som, resistiu, permanecendo no centro tradicional. O olhar pouco crítico e o devaneio observam e registram particularidades irreverentes que determinam a geografia e o cotidiano contemporâneo da cidade, sem a nostalgia dos tempos em que a elegância, a economia e o poder desfilavam na rua

O primeiro bairro de Belém, criado no inicio da fundação da cidade antigo endereço do poder estadual. Atualmente com função e significação plena, é um bairro que guarda na sua arquitetura e na organização espacial a memória de um passado; teve sua sintaxe e sua semântica alteradas, em meados do século XX, por uma cirurgia urbana que demoliu alguns prédios tombados pelo patrimônio histórico, sofreu a violência de certa noção de progresso que sempre danificou cenários de muitas cenas da cidade que saíram de cartaz. O prédio da Prefeitura Municipal e o Palácio do governo instalada nos arredores do bairro, ou melhor no centro histórico, serve apenas para visitação pública

Vários projetos foram arquitetados para o bairro, sem o encanto de uma arquitetura "pós-moderna", mas acabou se acomodando ao ambiente, estabelecendo uma dialética entre o novo e o antigo.

As Praças Dom Pedro II e do Relógio um espaço público para o luxo de outros tempos, hoje, simbolizando a favelização dos espaços públicos, uma espécie de periferia em pleno centro. A imagem de um cotidiano tenso, sem afetividade, sem credibilidade; o fim das praças como um lugar de encontros, de ociosidade, do flerte, do uso do tempo livre para o deboche da vida, serve apenas de recanto para mendigos e de passagens para outras pessoas se deslocarem até seus pontos.

É como se a cidade rejeitasse o seu passado, a sua memória, para viver um presente sem história. Mas sem o passado sobrevivendo no presente, não haveria duração, somente instantaneidade.

Neste trabalho foi importante fazer uma análise da vida cotidiana dos moradores, trabalhadores, excluídos entre outros, do bairro da Cidade Velha, uma vez que se constituem sujeitos da história, seja quando descrevem o lugar onde moram, casas, apartamentos, entre outros - onde quer que estejam localizados -, seja quando procuram, o poder público para, "na tentativa de reivindicar benfeitorias para resolver" os problemas urbanos que aparecem como sendo resultado da concentração dos pobres na cidade e no lugar.

O relato de pessoas consideradas importantes no bairro no caso o pároco da igreja da Sé, fica claro que as condições da reprodução da sociedade variam no tempo e no espaço, neste sentido, a dinâmica urbana deve ser analisada enquanto momento histórico determinado, no movimento do processo de reprodução continuada da metrópole, de segregação espacial, revelam profundas transformações na vida cotidiana uma vez que segundo o relato do padre “o bairro da Cidade Velha é muito descuidado pelas autoridades”. Apesar de uma ou outra providência, o esforço é nulo diante de tantas exigências. Ruas mal iluminadas têm contribuído para o aumento da marginalidade do bairro que se de um lado tem o mercado do Ver-o-Peso com toda sua exuberância de uma feira com produtos exóticos, diversificados entre outras coisas, em outro ponto o mercado do Porto do Sal também com produtos exóticos e diversificados, ambos contribuem para aumentar a marginalidade, prostituição, latrocínios que são fatores importante no aparecimento de grupos de pivetes, e uso de tóxicos. A iluminação das vielas do mercado do Porto do Sal foi conseguida a duras penas depois de muitas lutas junto ao Prefeito de Belém, mas ainda assim o problema ainda não foi todo sanado.

Dessa forma, como qualquer outro lugar o bairro não possui uma infra-estrutura urbana adequada capaz de atender as necessidades de sua população, como a falta dos serviços coletivos, equipamentos urbanos,suficientes.

Hoje, depois de dez anos da entrevista feita com o vigário, a situação do bairro não difere muito. Não é mais o bairro, com seu ambiente tido como artificial, que provoca tal degradação, mas todos aqueles que moram em lugares fétidos, (onde as casas são insalubres), os lugares responsabilizados pela propagação das doenças. Nesses lugares procuram-se uma solução técnica tentando desaglomerar as pessoas, ou pelo menos confiná-las em lugares não visíveis, em verdadeiros guetos.

No caso da Cidade Velha, desde início do processo de crescimento mais expressivo da cidade, no teor ao nível dos discursos, é sempre destacada a necessidade de melhores serviços para o bairro. Sabe-se que a atuação desses serviços não se faz efetivamente para acabar com os problemas das casas ribeirinhas que ficam na orla da baía do Guajará, e onde os detritos são depositados na orla da Baía do Guajará, mas se tem como proposta é a erradicação dessa situação, pois pobreza é considerada causa de "contaminação" física e moral, foco de promiscuidade de imoralidade e violência

É o caso dos pequenos casebres de madeira onde se aglomeram inúmeras famílias, sem saneamento, iluminação adequada ou documento de posse dos terrenos. A descrição, embora se encaixe perfeitamente a muitos bairros periféricos de Belém, pertence a uma área central da cidade. O final do canal Tamandaré e a orla da Baía do Guajará e na saída de alguns portos, a exemplo Porto do Sal, foram inteiramente tomados por casas, onde um número considerável de famílias, vive nessas áreas que semnehuma infraestrutura é o mesmo drama das baixadas belenenses. A área pertencia, inicialmente à União e mais tarde foi repassado a PMB, um grande número de famílias, no entanto, habita sem respaldo legal.

Portanto, nas falas dos sujeitos pesquisados revelam a dinâmica urbana indicando o processo de reprodução, tanto no plano espacial, de um lado, sua dimensão econômica e política-estratégica, e de outro, o plano da vida. A prática sócio-espacial se revela nos modos de uso, pelo conteúdo das relações sociais aí contidas apontando, hoje, o empobrecimento destas relações.

A cidade aparece, hoje, como o espaço da desordem e do caos, da barbárie; contribui para esta impressão, o estado de alerta em que vivemos num cotidiano invadido por todo tipo de violência: roubos, seqüestros, tráfico de drogas que dominam e comandam áreas inteiras da metrópole, a normatização dos espaços públicos, as renovações urbanas que destroem os referenciais da vida, etc. A vida cotidiana mostra como as pessoas vivem, revelam a prática social, e como escreve Henri Lefebvre, levanta um ato de acusação contra as estratégias que levam a este resultado confrontando o real e o possível. Estas situações apontam uma crise – decorrente do modo como a reprodução da metrópole se realiza sob a égide do capitalismo. A dinâmica metropolitana revela este movimento.

Para os moradores do bairro, mesmo morando na parte mais antiga da cidade, não fogem à regra os padrões dos modelos ideais de saneamento, serviços coletivos habitação estabelecidos. Algumas vivem ali mais de trinta anos e se tivessem que sair não teria para onde se deslocar. A população que moram hoje no local, certamente enfrentam todos esses problemas, mas enquanto o poder público local(PMB) não olhar para a área com a intenção de melhorar os serviços do bairro, “enquanto o dia não chega o jeito é ir levando”.

Nestes discursos não fica evidente onde se situa o limite entre o grupo social dos trabalhadores pobres e das “classes perigosas" pois é o lugar onde se mora que é definido como foco de contaminação. Assim não existe um lugar proposto para edificação de novas moradias para essa gente, o que demonstra è a tendência da segregação espacial e da visibilidade da segregação. Quanto à visibilidade da segregação no bairro basta fazer um passeio pelo mesmo, através das ruas, e das avenidas principais.

O que fazer para melhorar as condições de habitabilidade de um bairro como a Cidade Velha? Como suas ruas estreitas, encanamentos antigos, casas com infiltrações, rede de coleta de esgoto deficiente iluminação pública falhando em alguns setores, calçamento irregular e cheia de buracos, bocas de lobo e bueiros escancarados, construções novas substituindo uma arquitetura histórica e singular, são detalhes que uma pessoa bem atenta percebe, bastando percorrer o bairro.

Engels, na análise da situação da classe trabalhadores na Inglaterra, na metade do século XIX, aponta para esta não-visibilidade da pobreza, ou seja, para a segregação da pobreza e seu isolamento, pois seus sinais não são visíveis nos bairros burgueses (Engels, apud Lefebvre, H. 1969. P.20).). A análise de Engels faz parte de uma preocupação com a condição de vida dos trabalhadores e com o movimento operário, demonstrando a precariedade da vida e da moradia.

Sem dúvida, esta tentativa de afastar a pobreza e os pobres da "área principal' da cidade é um dos objetivos da urbanização levado a efeito pelo barão Haussman, na metade do século XIX em Paris. "O barão de Haussamn substitui as ruas tortuosas, mas vivas por longas avenidas, os bairros sórdidos, mas animados, por bairros aburguesados. Se ele abre "boulevards", se arranja espaços vazios não é pela beleza das perspectivas, é para "pentear" Paris com as metralhadoras".( Lefebvre, H. 1969. P.20).

Fica evidente a princípio, cada um no seu lugar, no tamanho e na forma, proposto pelo poder instituído e considerado competente para ditar normas. Tem-se aí um demonstrativo de que a intervenção na cidade representa a intervenção na sociedade e que esta se dá com a intervenção do Estado, através de seus diversos agentes.

Verifica-se todo uma configuração de um corpo teórico que privilegia a técnica como recurso para "resolver" os problemas urbanos e torna habitável a cidade, para quem, "merece", é claro, pois o salário, o lucro, a renda e os juros aparecem como a justa remuneração pela participação de cada um. Se o salário aparece como justa remuneração do trabalho, só quem merece ganho um salário que lhe permite usufruir da cidade com certa qualidade de vida, isto é claro, além dos proprietários dos meios de produção e dos proprietários de terras.

E assim tem-se uma parte da cidade equipada para quem pode pagar, pois "merecem". Como resultado, há várias cidades na mesma cidade, segregadas entre si pela riqueza e pobreza de seus moradores. Neste sentido, todos os argumentos da escola keynesiana de bem-estar social da distribuição da riqueza. Da intervenção para minorar os problemas da pobreza e, portanto de contaminação, parece ser um benefício que é "dado" pelos que produzem a riqueza aos que não produzem.

A concentração da pobreza, das massas de despossuídas, faz com que se modifiquem substancialmente a forma de percepção da pobreza em relação a idade clássica, na qual a pobreza era vista como virtuosa e próxima a Deus. Uma vez concentrada no espaço urbano, passa a ser ameaçadora e perigosa. Torna-se, então necessário (re)conhecer o novo fenômeno.

Através dos discursos dos que se dizem competentes (o poder local, médicos engenheiros, sanitaristas entre outros) é possível analisar como o meio é considerado determinante para moldar os indivíduos na sociedade. Parece pelo menos em relação às cidades, que o discurso geográfico do homem relacionado ao meio (físico) das correntes do pensamento, alemã e francesa, é adaptado para a visão de que o homem é produto do meio social.

Enquanto a geografia se detém na relação homem-meio (físico), a intervenção na cidade e na sociedade se concretiza nesta mesma relação homem-meio (social). Lugares fétidos, escuros, promíscuos, com gente amontoada, degeneram o homem, ou pelo menos não formam homens capazes. Já os lugares arejados, iluminados, separados formam homens sadios. Do mesmo modo, as regiões tropicais, nos mitos de certa geografia, produzem homens indolentes e países subdesenvolvidos, enquanto nas regiões temperadas os homens são mais fortes, mais trabalhadores e os países são desenvolvidos. Este aspecto do homem com o meio (social) carece ainda ser melhor, avaliado da geografia humana. Só foram encontradas, nos autores do período, referências mais explícitas à produção e a divisão em classes sociais nas cidades em Kropotkin e Reclus. (Kropotkin e Reclus. 1986/87, 1985).

Assim sendo nas falas está presente o fato de considerar-se o trabalhador pobre como aquele que dá apenas despesas ao País. Não é considerado produtor, apenas um frágil consumidor. Como diz Milton Santos, esse não é considerado cidadão, pois não consome.

Os moradores do bairro, nas entrevistas, falam de sua importância frente às práticas e às relações sociais que os incluíram perversamente no urbano. Negaram-lhe o direito a uma cidadania não coisificada e mercantilizaram o desejo. Falam também das relações sociais que lhes parecem descoladas de si mesmo, automatizadas, naturalizadas e deificadas e que assim, livres, criaram a escassez de morar no bairro com dignidade. A noção da realidade negadora perdeu-se e os indivíduos consideram normal aquilo que lhes acontece e comportam-se de acordo com o que foi internalizado. Dessa maneira, o que o sujeito percebe é a sua única possibilidade de percepção, pois os sentidos que percebem foram já construídos e ele aceita que o espaço econômico, social, injusto, objetivo, externo ao homem, torne-se espaço subjetivo, introjetado e vivido. A internalizarão trazem para o primeiro plano a questão da mudança daquilo que é percebido para fazer frente à engenharia social que cria as necessidades.

De um modo geral, o trabalhador pobre está sempre presente nas falas, não porque é um indivíduo que produz, mas porque é um fraco consumidor da cidade. E, no caso da tentativa de sanear a sociedade e a cidade, são referidos pelo lugar que ocupam nesta. Está cada vez mais presentes nas falas, a técnica como a possibilidade de sanear as cidades e o crescimento econômico com que anulará o atraso das áreas carentes de serviços públicos nas mesmas. Novos termos são também utilizados, o moderno é a parte rica, e a parte equipada das cidades. O antigo, atrasado, arcaico, onde moram os pobres. Cidades modernas são ricas e as arcaicas são pobres, quando o que deveria se levar em conta seria a riqueza e a pobreza de seus habitantes.

Portanto, a rapidez das transformações em função das mudanças no setor produtivo, apoiado no desenvolvimento da técnica, reproduz a cidade num outro patamar, cada vez mais articulada ao plano mundial. Assim, a cidade é a expressão de uma realidade específica singular, mas também, universal, aquela da sociedade urbana que se constrói revelando-se no plano do espaço mundial.

As referências urbanas apontam e marcam a relação entre a construção da identidade (sua constituição a partir da vida concreta) e da memória, que sustenta a prática. Portanto a destruição dos espaços aonde se desenrola a vida, coloca a identidade cidadão/metrópole num outro patamar, agora definido nos limites do mundo da mercadoria e do desenvolvimento da sociedade de consumo – neste momento incluindo o consumo do espaço. O movimento de generalização da mercadoria - espaço impõe mudanças substanciais ao uso dos lugares, redefinindo seu sentido, através da imposição de mudanças no modo de apropriação, invadido por normas bem definidas. Na metrópole, as novas necessidades impostas pela reprodução econômica impõem-se enquanto ruptura na morfologia, nesse processo, cria-se o não-reconhecimento do habitante com os lugares da vida e com o outro - como conseqüência a perda da identidade que sustenta a memória – ligada ao empobrecimento das relações sociais pela perda / esvaziamento dos usos dos espaços públicos.

A morfologia de Belém, hoje, parece revelar as formas destinadas a expressar o espaço sem espessura, à aparente ausência de traços do passado assolado pelas formas da modernidade, que agem sobre a constituição da identidade cidadão/cidade, indica que as “novas“ formas possuem novos conteúdos, novos usos e modos de uso; redefinindo as relações sociais. Significa dizer que, neste processo de mudanças, redefinem-se as dimensões da metrópole, a estética das formas urbanas, os usos do espaço público, as relações entre os indivíduos e entre estes e o espaço. A reprodução da metrópole, pontuada por vias de transito rápido (que marcam a construção da cidade do automóvel), eclipsa a rua, esvazia o centro, produz o shopping center, redefine as relações com o outro (o vizinho, os amigos, os parentes, o transeunte, etc.) enquanto modo de perceber, no espaço da realização da vida.

Aqui se realiza o desencontro cidadão metrópole - como momento do processo atual de reprodução do espaço, nos interstícios da produção de uma nova relação espaço-tempo. Invadido por um novo ritmo, as transformações morfológicas da grande cidade, impõem a reconstrução de um novo modo de relação entre o habitante e o espaço.

Portanto, este movimento refere-se ao processo de constituição da sociedade urbana de um lado e do espaço mundial de outro, realizando-se de modo contraditório. Em decorrência desse processo, por exemplo, se funda uma “nova identidade” onde o habitante do lugar - invadido pelo mundial vê sua particularidade em questão. Neste momento, a ruptura produz outro plano onde o indivíduo se reconhece e se identifica num espaço mais amplo, pela mediação da metrópole entrando em contato com o mundo.

Através desta mediação o local se articula de modo inexorável ao plano do mundial - aquele da constituição da sociedade urbana - com a tendência a instauração do cotidiano, a extensão do mundo da mercadoria, o aprofundamento das relações de mercado, revelando a constituição de uma “nova urbanidade” que afronta e explica esse processo de constituição de uma identidade abstrata fundada no fato de que o habitante pertence a uma totalidade mais ampla e vasta do que o universo do lugar e da vida privada.

A vida cotidiana mostra como as pessoas vivem, revela a prática social, e como escreve Henri Lefebvre, levanta um ato de acusação contra as estratégias que levam a este resultado confrontando o real e o possível. Estas situações apontam, uma crise – decorrente do modo como a reprodução da metrópole se realiza sob a égide do capitalismo. A dinâmica metropolitana revela este movimento.

Partindo do pressuposto de que as relações sociais se realizam, concretamente, enquanto relações espaciais, a dinâmica do espaço urbano deve ser entendida na dinâmica do processo de reprodução social – a metrópole como realidade e devir da sociedade. Portanto o que deve ser analisado é o modo como a reprodução espacial se realiza, hoje, na metrópole, enquanto reprodução da sociedade.

O processo de acumulação se generaliza no espaço ao mesmo tempo tornado condição e produto deste processo. Neste contexto, o conteúdo da urbanização apareceria como momento determinado da reprodução em função das novas possibilidades/necessidades de realizar a acumulação. O espaço é também condição da produção e, do ponto de vista do capital, ganha uma dimensão instrumental, do ponto de vista do estado - que regulariza os fluxos e controla a sociedade. O espaço – aparece como instrumento de dominação estruturando a reprodução das relações sociais de produção.

As condições de reprodução variam no tempo em função do estágio do desenvolvimento técnico e científico aplicado à produção, o que produz mudanças espaciais dos valores de cada lugar na reprodução geral da sociedade - é quando se articula os fixos, no espaço e a rede de fluxos exigindo uma nova configuração. Por sua vez os mecanismos espaciais repousam na justaposição entre o local, o regional e o nacional e, nesse sentido, o espaço inteiro torna-se o lugar da reprodução, que se realiza tendo como pano de fundo o mundial - o local se torna global e o global se localiza no lugar, enquanto condição de sua realização.

A problemática urbana se revela, enquanto prática sócia espacial, no plano do vivido. A nova centralidade aprofunda o processo de segregação espacial pela diferenciação dos usos, e das transformações das funções dos lugares na divisão espacial do trabalho, na metrópole. O plano do lugar diz respeito ao modo como a metrópole se produz continuamente, enquanto lugar da reprodução social; significa, por exemplo, pensar no modo como as histórias particulares tanto dos homens quanto dos lugares, se realizam, hoje, subordinadas ao plano do mundial que se anuncia.

Significa dizer que o espaço ganha nova dimensão na análise, isto é em seu processo de desenvolvimento, o capitalismo, para continuar se reproduzindo, produz constantemente seu próprio espaço. A produção deste espaço aparece como condição e produto da reprodução do capital, que ultrapassa em seu processo de expansão, cada vez mais, os limites da fábrica para se realizar num espaço mais amplo, aquele da cidade.

Na articulação entre estes planos, a produção do lugar se realiza cada vez mais articulado a um outro plano revelando a produção de um espaço com novas características: a) aprofundamento da segregação - revela as condições da normatização dos espaços e da modelização da vida – uma “nova ordem” invade a metrópole e define o modo do usos dos espaços / novo modo de vida; revelando-se enquanto formas de segregação. Nesta dimensão o espaço e o tempo, submetidos à lógica capitalista, impõe o produtivismo que transforma o tempo em quantificação (uma quantidade abstrata), e o espaço (também ele tornado abstrato) numa distância a ser percorrida.

As relações de propriedade criam os limites do uso, com a tendência a destruição do espaço público como espaço acessível. Com isso limita, pelo exercício do poder, uma ação que destrói o espaço da sociabilidade e proximidade, substituindo-o por aquele dos interditos em nome da lei e da ordem. Ao mesmo tempo que se faz a apologia da técnica, enquadra-se o cidadão em papéis que lhe são impostos pela normatização da sociedade marcando os limites do consumo do espaço no movimento de generalização da transformação do espaço em mercadoria.

Assim, o processo de reprodução do espaço aponta a tendência da predominância da troca sobre os modos de uso, o que revela o movimento do espaço de consumo para o consumo do espaço - este processo se revela pelo esvaziamento da rua como lugar do encontro e do lazer, e a supervalorização dos shopping centers como os lugares das compras e do lazer. No caso da periferia submetida ao poder do trafico, a normatização não se faz pela lógica da realização da propriedade privada, mas pela necessidade de realização do capital.

Este movimento da passagem do espaço de consumo para o consumo do espaço se analisa no movimento da transformação do uso em troca – da mutação do espaço em mercadoria.

Este, impõe o fato de que o acesso aos lugares de lazer se realiza pela mediação do mercado, acentuando o papel de um lado da força da propriedade do solo, e de outro da necessidade constante da construção do espaço enquanto momento de acumulação. Tal fato implica profundas mudanças nos modos de uso. No plano local a conseqüência direta deste fato é o aprofundamento da separação entre espaço público / espaço privado. O processo acentua a segregação pela explosão das formas, pela expulsão da população residente, pelo esvaziamento da prática sócio espacial, pela separação/ especialização dos lugares da metrópole, (em áreas de lazer, de trabalho, de troca), o que gera o empobrecimento das relações sociais.

A segregação se encontra no seio do processo de reprodução do espaço no capitalismo, como processo objetivo, a reprodução da metrópole caminha de forma decisiva para sua objetivação, enquanto realização social - nesta dimensão a segregação vai revelar o fato de que, ao longo da história, o homem se submete a sua própria criação – o produto se exterioriza em relação a sociedade impondo-se como potência estranha.

Esse processo de alienação aparece sob a forma do estranhamento enquanto descompasso entre os tempos da vida e das formas urbanas, onde o cidadão se encontra diante da metrópole de formas fluidas e fugidias, vivendo o estreitamento das possibilidades de apropriação do espaço, com a deterioração, ou mesmo fim, dos espaços públicos enquanto restrição às possibilidades de apropriação. Esses aspectos vão revelando a instauração do cotidiano nos interstícios da prática sócio-espacial esvaziada. Portanto, de um lado, espaços vazios e nomatizados, de outro, vida controlada - ambos programados dentro de um rígido modelo que atende as necessidades atuais da reprodução da sociedade.



Referências bibliográficas.

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SANTOS, Milton - Metamorfose do Espaço Habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da geografia - São Paulo - Ed. Hucitec - 1988.


As novas tecnologia de ensino na Educação Básica
Mª de Jesus Benjamin da Silva
Mário Benjamin Dias

As novas tecnologias vêm modificando significativamente a relação do homem com o mundo, elas tem facilitado o trabalho, a comunicação e outras atividades do cotidiano, já que hoje se torna mais difícil pensar numa sociedade sem tecnologia, pois em cada segmento social encontramos a presença de instrumentos tecnológicos. Pertencemos a um mundo cada vez mais globalizado e digital, embora saiba-se que nem todos tem acesso a essa tecnologia. A globalização abriu novos caminhos e possibilidades para que se busquem novos conhecimentos, isto e, em todas as áreas principalmente a do ensino escolar. Essas transformações se materializam em diferentes formas (econômico, econômico, político-social, cultural, ambiental) no espaço geográfico. Esse período de aceleração espaço-tempo, impôs ao mundo da educação momentos caracterizados pela sociedade do conhecimento, mediada pelo chamado meio técnico-científico-informacional, no qual as complexas relações impõem novas formas de pensar, refletir, agir e se relacionar no e com o mundo. As tecnologias desenvolvidas nesse período e a força com que se disseminam na sociedade abarcando praticamente todas as atividades de produção, armazenamento, distribuição, comunicação e consumo de informações produzem expectativas em relação às formas de análise, transmissão e apreensão dos saberes (novas formas de produzir e consumir conhecimento). E, considerando que essas mudanças nem sempre são acompanhadas e repassadas no ambiente escolar (isso porque nem todos os profissionais têm oportunidade ou disponibilidade de tempo para tal) impondo novos desafios à escola no limiar do século XXI, a atuação dos docentes que desenvolvem seus trabalhos na Educação Básica deve ser repensada, pois os novos paradigmas requerem metodologias de ensino variadas associadas a novas tecnologias. Desta forma a escola não pode ficar excluída desta realidade virtual, devendo se apropriar e incorporar os avanços destas tecnologias na prática educativa, de forma adequada e eficaz, promovendo uma “virtualização” do conhecimento. Esse repensar, está ligado a uma concepção de educação democrática onde os diversos atores (diretores, professores, alunos, pedagogos, coordenadores, Estado e etc.) envolvidos nesse processo se articulem com o objetivo de oferecer um ensino de qualidade que permita ao homem se construir como tal, satisfazendo suas necessidades individuais, a busca por fins coletivos e a integração a realidade de seu tempo. Um sentido libertador que contribuirá para que nas escolas se promova uma educação em favor de todos os homens. E nesse contexto, para problemazar ainda mais vale ressaltar que na era moderna grande parte dos profissionais da educação passaram por um processo progressivo de atualização através da chamada “reciclagem padrão”, que consistia em capacitar esse profissional, relacionando-o às inovações, aos novos programas e tecnologias de ensino. Trata-se de estar constantemente atualizando os sujeitos que fazem a educação sobre os novos descobrimentos da ciência, e como esse conhecimento (seja ele teórico ou prático) pode ser utilizado para a ação no seu universo de trabalho. No caso dos professores, mais precisamente na área de ensino. Porém, essa “formação” acaba tendo um caráter de “informação”, onde o conhecimento torna-se quase um objeto concreto que existe independente dos indivíduos em que repousa. Ou seja, não sofre interação e tão pouco transformação ao ser utilizado pelos sujeitos que o transmitem, e nem pelos sujeitos que o apreendem. Isso acaba negando a importância desse profissional, tanto para formar alunos críticos e em sintonia com as transformações que se materializam no espaço geográfico, quanto para uma formação cidadã, amplamente articulada com questões sociais. Em decorrência desses fatores, defendemos uma formação continuada não como sinônimo de “continuísmo”, que está ligado a incorporação e transmissão de informações e novas metodologias de ensino para a manutenção de uma determinada estrutura ideológica vigente; e sim uma formação mais crítica (social) que não considere o corpo de conhecimentos disponível como algo fechado, verdadeiro e imutável. Neste contexto, o projeto de educação continuada consiste em estudar e proporcionar formas de capacitação articulada a mudanças importantes, tais como: metodologias associadas às novas tecnologias de ensino, voltadas para esses profissionais da educação. Um ensino que vá além do uso da linguagem oral e escrita, dos recursos do giz, quadro e livro didático, e educar para o desenvolvimento tecnológico, mediante a utilização das novas tecnologias das imagens, como dos novos produtos de software. Ressaltando o que é importante, ou seja, que os professores conheçam os objetivos, as diretrizes e normas governamentais, o posicionamento de seus elaboradores, a fim de que possam tornar suas práticas mais eficazes, e, por conseguinte, compromissadas com a superação das desigualdades, das injustiças, dos preconceitos, ultrapassando obstáculos por meio de uma formação continuada, já que se deve levar em consideração que esse profissional tem poucas oportunidades de continuar sua formação em nível de pós-graduação, em face de uma diversidade de fatores. Assim, a educação continuada está associada a uma formação teórica-prática, onde são utilizadas metodologias facilitadoras que possibilitem uma releitura do mundo decorrente das transformações que ocorrem no período contemporâneo, e da velocidade com que as mesmas são veiculadas e processadas, colocando à escola novos desafios. O que requer a formação de um novo professor, capaz de criar e adaptar procedimentos, de enfrentar a complexidade de situações do mundo moderno que se refletem no ambiente educacional. Por isso devemos refletir sobre nosso mundo, compreendendo-o do âmbito local, nacional e por conseguinte o planetário. A Geografia é um instrumento indispensável para entendermos essa reflexão, que deve servir de base para a nossa atuação no mundo. Aprender Geografia na Educação Básica tem sido percebido por muitos, como uma forma tradicional e antiga de lidar com os novos contextos, ou seja, com aulas expositivas, utilização do quadro de giz e algumas vezes mapas que apesar de ser instrumento fundamental para os geógrafos acabam sendo relegados pelos professores e se comparado as novas tecnologias um material estático. Esses recursos podem até ser eficaz, porém, esta forma de ensino não estimula os alunos. Deste modo, o ensino de Geografia deve ser ministrado através de outros recursos, que irão facilitar à assimilação desta disciplina. Na Educação Básica tem-se constatado que através das aulas expositivas, por vezes com utilização de mapas e alguns outros recursos, os alunos sentem dificuldades de apreender os conteúdos, assim, as novas tecnologias podem facilitar este aprendizado É importante ressaltar que a geografia enquanto ramo do conhecimento científico tem sua gênese atrelada a uma visão clássica tradicional, pois, desde que se institucionalizou como ciência no século XIX seu método de análise esteve pautado em uma lógica positivista, como enfatiza (STRAFORINI 2004, pg 57): O objetivo da escola tradicional é a transmissão de conhecimentos, ou seja, uma preocupação conteudista. Dessa forma, o aluno é visto como um agente passivo, cabendo a ele decorar e memorizar o conjunto de conhecimentos significativos da cultura da humanidade previamente selecionados e transmitidos pelo professor em aulas expositivas. O mundo é uma externalidade ao aluno, ou seja, não é dado a ele a possibilidade de sua inserção no processo histórico. Assim, o conhecimento é concebido como uma informação que é apreendida unicamente pela memorização. Esse método de análise dedutivo-inditivo buscava com o auxílio do corpo de conhecimentos científicos disponíveis o entendimento da realidade através da fragmentação, estaticidade e descrição de aparências e formas. Não concebendo o mundo em seu caráter múltiplo, complexo e contraditório. Negando assim, seu constante movimento (sua perspectiva histórica). Nas escolas a geografia que era ensinada não poderia ser diferente, pois os conteúdos eram tratados de forma superficial (repasse apenas), fragmentada, e sem qualquer relação com a realidade e a interdisciplinaridade. Porém, em meados da década de 70 esse contexto começou a mudar com a inserção do materialismo histórico-dialético como método de análise da ciência geográfica. Isso porque a geografia tradicional não conseguia mais explicar o mundo, não dando conta da complexidade de elementos e processos da sociedade daquele momento. O método materialista histórico e dialético utiliza a formação econômico-social para a compreensão dos fenômenos que se manifestam no espaço geográfico. Onde aspectos da realidade passam a ser pensados enquanto totalidade, constante contradição, e sobre uma perspectiva de mudança perpétua que leva em consideração os fatores históricos nas análises, ou seja, ilustram o caráter dinâmico do espaço geográfico. Esses fatores também se manifestam no ensino, pois com a inserção da chamada geografia crítica nas escolas, há a defesa da transformação da realidade social pelo saber crítico, construído na análise da produção do espaço geográfico pelo homem através da apropriação da natureza (mediada pelo trabalho), e da sua relação com a sociedade. Vale ressaltar que esse processo de transição da geografia tradicional para a geografia crítica não é algo consolidado, pois atualmente profissionais ainda trabalham a vertente tradicional, e outros que se dizem “críticos”, também continuam a exercer uma geografia fragmentada e sem construção, Nesse sentido (STRAFORINI 2004, pg 49) destaca que: Na verdade, a geografia crítica foi apresentada para a grande maioria dos professores através de livros didáticos, pulando a mais importante etapa: sua construção intelectual. Da mesma forma que os conteúdos chegavam aos professores de maneira pronta e acabada na geografia escolar tradicional, os conteúdos sob a luz da geografia crítica também assumiam o mesmo papel junto aos professores, ou seja, de essencialmente dinâmicos, na prática continuavam estáticos. É justamente para contribuir na solução dessas questões e formar um novo educador que estamos desenvolvendo o projeto “A geografia na educação básica: uma proposta de educação continuada para professores do Estado do Pará”. Seus objetivos principais são: organizar reuniões cientifica voltadas para a discussão do ensino de Geografia na educação básica; formação de grupo de estudo permanente que discutam sobre teorias da aprendizagem, utilização diferenciada de metodologias de ensino, educação à distância, entre outras; incentivar a produção científica, assim como a organização de eventos científicos e de um acervo voltado para o ensino de geografia na educação básica. Essas ações envolvem discentes da graduação em Geografia, como forma de complementação de sua formação acadêmica. Dentre as metas do projeto destacam-se capacitar o maior numero possível de professores de geografia da Educação Básica a partir das categorias geográficas; desenvolver habilidades de transposição didática do conhecimento acadêmico geográfico (produção de texto); instrumentalizar professores de ensino de geografia a confeccionarem recursos didáticos a partir de experiências vividas; desenvolver competência para a leitura, compreensão e produção de mapas, cartas, imagens, globos, etc (alfabetização cartográfica); desenvolver competências e habilidades para a utilização de novas metodologias de ensino (musica, internet, cinema, jornais, revistas, jogos interativos, tv etc.); ressignificar os processos avaliativos, levando em consideração os aspectos qualitativos e quantitativos na relação ensino-aprendizagem. Esse trabalho vem sendo desenvolvido por meio de oficinas de produção de materiais didáticos sobre as categorias do pensamento geográfico; da alfabetização cartográfica; da utilização de livros didáticos; uso de Internet no ensino de geografia; da mídia e o ensino de geografia; da literatura, da fotografia; a paisagem geográfica e suas diferentes formas de representação. Como forma de socialização dos resultados, estão previstos seminários sobre práticas docentes em geografia (ciclo de palestras, trabalho de campo, entre outros.). A proposta parte de uma concepção de educação e formação continuada em que os professores são vistos enquanto atores fundamentais que atuam na formação dos futuros cidadãos brasileiros. Se a educação e os professores continuarem a serem vistos como meros agentes passivos do processo, não atingirão a meta prevista, que é de formar cidadãos críticos e reflexivos.