Mulher da Amazonia

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

AS NOVAS TECNOLOGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA.


Mª de Jesus Benjamin da Silva

Mário Benjamin Dias


As novas tecnologias vêm modificando significativamente a relação do homem com o mundo, elas tem facilitado o trabalho, a comunicação e outras atividades do cotidiano, já que hoje se torna mais difícil pensar numa sociedade sem tecnologia, pois em cada segmento social encontramos a presença de instrumentos tecnológicos. Pertencemos a um mundo cada vez mais globalizado e digital, embora saiba-se que nem todos tem acesso a essa tecnologia. A globalização abriu novos caminhos e possibilidades para que se busquem novos conhecimentos, isto e, em todas as áreas principalmente a do ensino escolar. Essas transformações se materializam em diferentes formas (econômico, econômico, político-social, cultural, ambiental) no espaço geográfico.Esse período de aceleração espaço-tempo, impôs ao mundo da educação momentos caracterizados pela sociedade do conhecimento, mediada pelo chamado meio técnico-científico-informacional, no qual as complexas relações impõem novas formas de pensar, refletir, agir e se relacionar no e com o mundo.As tecnologias desenvolvidas nesse período e a força com que se disseminam na sociedade abarcando praticamente todas as atividades de produção, armazenamento, distribuição, comunicação e consumo de informações produzem expectativas em relação às formas de análise, transmissão e apreensão dos saberes (novas formas de produzir e consumir conhecimento). E, considerando que essas mudanças nem sempre são acompanhadas e repassadas no ambiente escolar (isso porque nem todos os profissionais têm oportunidade ou disponibilidade de tempo para tal) impondo novos desafios à escola no limiar do século XXI, a atuação dos docentes que desenvolvem seus trabalhos na Educação Básica deve ser repensada, pois os novos paradigmas requerem metodologias de ensino variadas associadas a novas tecnologias.Desta forma a escola não pode ficar excluída desta realidade virtual, devendo se apropriar e incorporar os avanços destas tecnologias na prática educativa, de forma adequada e eficaz, promovendo uma “virtualização” do conhecimento.Esse repensar, está ligado a uma concepção de educação democrática onde os diversos atores (diretores, professores, alunos, pedagogos, coordenadores, Estado e etc.) envolvidos nesse processo se articulem com o objetivo de oferecer um ensino de qualidade que permita ao homem se construir como tal, satisfazendo suas necessidades individuais, a busca por fins coletivos e a integração a realidade de seu tempo. Um sentido libertador que contribuirá para que nas escolas se promova uma educação em favor de todos os homens.E nesse contexto, para problemazar ainda mais vale ressaltar que na era moderna grande parte dos profissionais da educação passaram por um processo progressivo de atualização através da chamada “reciclagem padrão”, que consistia em capacitar esse profissional, relacionando-o às inovações, aos novos programas e tecnologias de ensino. Trata-se de estar constantemente atualizando os sujeitos que fazem a educação sobre os novos descobrimentos da ciência, e como esse conhecimento (seja ele teórico ou prático) pode ser utilizado para a ação no seu universo de trabalho. No caso dos professores, mais precisamente na área de ensino.Porém, essa “formação” acaba tendo um caráter de “informação”, onde o conhecimento torna-se quase um objeto concreto que existe independente dos indivíduos em que repousa. Ou seja, não sofre interação e tão pouco transformação ao ser utilizado pelos sujeitos que o transmitem, e nem pelos sujeitos que o apreendem. Isso acaba negando a importância desse profissional, tanto para formar alunos críticos e em sintonia com as transformações que se materializam no espaço geográfico, quanto para uma formação cidadã, amplamente articulada com questões sociais.Em decorrência desses fatores, defendemos uma formação continuada não como sinônimo de “continuísmo”, que está ligado a incorporação e transmissão de informações e novas metodologias de ensino para a manutenção de uma determinada estrutura ideológica vigente; e sim uma formação mais crítica (social) que não considere o corpo de conhecimentos disponível como algo fechado, verdadeiro e imutável. Neste contexto, o projeto de educação continuada consiste em estudar e proporcionar formas de capacitação articulada a mudanças importantes, tais como: metodologias associadas às novas tecnologias de ensino, voltadas para esses profissionais da educação. Um ensino que vá além do uso da linguagem oral e escrita, dos recursos do giz, quadro e livro didático, e educar para o desenvolvimento tecnológico, mediante a utilização das novas tecnologias das imagens, como dos novos produtos de software.Ressaltando o que é importante, ou seja, que os professores conheçam os objetivos, as diretrizes e normas governamentais, o posicionamento de seus elaboradores, a fim de que possam tornar suas práticas mais eficazes, e, por conseguinte, compromissadas com a superação das desigualdades, das injustiças, dos preconceitos, ultrapassando obstáculos por meio de uma formação continuada, já que se deve levar em consideração que esse profissional tem poucas oportunidades de continuar sua formação em nível de pós-graduação, em face de uma diversidade de fatores.Assim, a educação continuada está associada a uma formação teórica-prática, onde são utilizadas metodologias facilitadoras que possibilitem uma releitura do mundo decorrente das transformações que ocorrem no período contemporâneo, e da velocidade com que as mesmas são veiculadas e processadas, colocando à escola novos desafios. O que requer a formação de um novo professor, capaz de criar e adaptar procedimentos, de enfrentar a complexidade de situações do mundo moderno que se refletem no ambiente educacional. Por isso devemos refletir sobre nosso mundo, compreendendo-o do âmbito local, nacional e por conseguinte o planetário. A Geografia é um instrumento indispensável para entendermos essa reflexão, que deve servir de base para a nossa atuação no mundo.Aprender Geografia na Educação Básica tem sido percebido por muitos, como uma forma tradicional e antiga de lidar com os novos contextos, ou seja, com aulas expositivas, utilização do quadro de giz e algumas vezes mapas que apesar de ser instrumento fundamental para os geógrafos acabam sendo relegados pelos professores e se comparado as novas tecnologias um material estático. Esses recursos podem até ser eficaz, porém, esta forma de ensino não estimula os alunos. Deste modo, o ensino de Geografia deve ser ministrado através de outros recursos, que irão facilitar à assimilação desta disciplina.Na Educação Básica tem-se constatado que através das aulas expositivas, por vezes com utilização de mapas e alguns outros recursos, os alunos sentem dificuldades de apreender os conteúdos, assim, as novas tecnologias podem facilitar este aprendizadoÉ importante ressaltar que a geografia enquanto ramo do conhecimento científico tem sua gênese atrelada a uma visão clássica tradicional, pois, desde que se institucionalizou como ciência no século XIX seu método de análise esteve pautado em uma lógica positivista, como enfatiza (STRAFORINI 2004, pg 57):O objetivo da escola tradicional é a transmissão de conhecimentos, ou seja, uma preocupação conteudista. Dessa forma, o aluno é visto como um agente passivo, cabendo a ele decorar e memorizar o conjunto de conhecimentos significativos da cultura da humanidade previamente selecionados e transmitidos pelo professor em aulas expositivas. O mundo é uma externalidade ao aluno, ou seja, não é dado a ele a possibilidade de sua inserção no processo histórico. Assim, o conhecimento é concebido como uma informação que é apreendida unicamente pela memorização. Esse método de análise dedutivo-inditivo buscava com o auxílio do corpo de conhecimentos científicos disponíveis o entendimento da realidade através da fragmentação, estaticidade e descrição de aparências e formas. Não concebendo o mundo em seu caráter múltiplo, complexo e contraditório. Negando assim, seu constante movimento (sua perspectiva histórica).Nas escolas a geografia que era ensinada não poderia ser diferente, pois os conteúdos eram tratados de forma superficial (repasse apenas), fragmentada, e sem qualquer relação com a realidade e a interdisciplinaridade. Porém, em meados da década de 70 esse contexto começou a mudar com a inserção do materialismo histórico-dialético como método de análise da ciência geográfica. Isso porque a geografia tradicional não conseguia mais explicar o mundo, não dando conta da complexidade de elementos e processos da sociedade daquele momento.O método materialista histórico e dialético utiliza a formação econômico-social para a compreensão dos fenômenos que se manifestam no espaço geográfico. Onde aspectos da realidade passam a ser pensados enquanto totalidade, constante contradição, e sobre uma perspectiva de mudança perpétua que leva em consideração os fatores históricos nas análises, ou seja, ilustram o caráter dinâmico do espaço geográfico. Esses fatores também se manifestam no ensino, pois com a inserção da chamada geografia crítica nas escolas, há a defesa da transformação da realidade social pelo saber crítico, construído na análise da produção do espaço geográfico pelo homem através da apropriação da natureza (mediada pelo trabalho), e da sua relação com a sociedade. Vale ressaltar que esse processo de transição da geografia tradicional para a geografia crítica não é algo consolidado, pois atualmente profissionais ainda trabalham a vertente tradicional, e outros que se dizem “críticos”, também continuam a exercer uma geografia fragmentada e sem construção, Nesse sentido (STRAFORINI 2004, pg 49) destaca que:Na verdade, a geografia crítica foi apresentada para a grande maioria dos professores através de livros didáticos, pulando a mais importante etapa: sua construção intelectual. Da mesma forma que os conteúdos chegavam aos professores de maneira pronta e acabada na geografia escolar tradicional, os conteúdos sob a luz da geografia crítica também assumiam o mesmo papel junto aos professores, ou seja, de essencialmente dinâmicos, na prática continuavam estáticos.É justamente para contribuir na solução dessas questões e formar um novo educador que estamos desenvolvendo o projeto “A geografia na educação básica: uma proposta de educação continuada para professores do Estado do Pará”. Seus objetivos principais são: organizar reuniões cientifica voltadas para a discussão do ensino de Geografia na educação básica; formação de grupo de estudo permanente que discutam sobre teorias da aprendizagem, utilização diferenciada de metodologias de ensino, educação à distância, entre outras; incentivar a produção científica, assim como a organização de eventos científicos e de um acervo voltado para o ensino de geografia na educação básica. Essas ações envolvem discentes da graduação em Geografia, como forma de complementação de sua formação acadêmica. Dentre as metas do projeto destacam-se capacitar o maior numero possível de professores de geografia da Educação Básica a partir das categorias geográficas; desenvolver habilidades de transposição didática do conhecimento acadêmico geográfico (produção de texto); instrumentalizar professores de ensino de geografia a confeccionarem recursos didáticos a partir de experiências vividas; desenvolver competência para a leitura, compreensão e produção de mapas, cartas, imagens, globos, etc (alfabetização cartográfica); desenvolver competências e habilidades para a utilização de novas metodologias de ensino (musica, internet, cinema, jornais, revistas, jogos interativos, tv etc.); ressignificar os processos avaliativos, levando em consideração os aspectos qualitativos e quantitativos na relação ensino-aprendizagem.Esse trabalho vem sendo desenvolvido por meio de oficinas de produção de materiais didáticos sobre as categorias do pensamento geográfico; da alfabetização cartográfica; da utilização de livros didáticos; uso de Internet no ensino de geografia; da mídia e o ensino de geografia; da literatura, da fotografia; a paisagem geográfica e suas diferentes formas de representação. Como forma de socialização dos resultados, estão previstos seminários sobre práticas docentes em geografia (ciclo de palestras, trabalho de campo, entre outros.).A proposta parte de uma concepção de educação e formação continuada em que os professores são vistos enquanto atores fundamentais que atuam na formação dos futuros cidadãos brasileiros. Se a educação e os professores continuarem a serem vistos como meros agentes passivos do processo, não atingirão a meta prevista, que é de formar cidadãos críticos e reflexivos.

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